Ruas resignado com "castigo" de quatro anos
"Um sentimento de resignação e até de incompreensão, porque quem votou esta lei de limitação de mandatos foi substancialmente uma parte de gente que perdeu eleições", disse Fernando Ruas, em entrevista à agência Lusa.
O social-democrata, que foi eleito pela primeira vez presidente da Câmara de Viseu em 1989, lamentou que pessoas que disputaram as eleições autárquicas, "perderam, foram para a Assembleia da República como prémio e depois votaram esta lei".
"Acho que há aqui um ressabiamento", frisou o também líder da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP).
No entanto, como "lei é lei", disse estar "cada vez mais calmamente à espera dos últimos dias" na presidência da Câmara de Viseu, mas a trabalhar "com o mesmo entusiasmo" do início.
No que respeita ao futuro, Fernando Ruas garantiu não ter ainda qualquer projeto, não fechando as portas a um regresso à câmara de Viseu após os quatro anos.
"Depois de cumprir o castigo, era o que faltava que fosse eu a limitar-me", sublinhou.
Neste âmbito, depois dos quatro anos de impedimento, atuará tal como "um jogador de futebol quando é castigado por três jogos".
"Vou cumprir estes quatro anos e depois verei. Se estiver em condições de ainda jogar, se me apetecer jogar, depois o treinador que diga se me põe a jogar ou não. Posso até na altura já não ter vontade, mas não me vou autolimitar, era o que faltava", acrescentou.
O autarca admitiu à Lusa que já teve "muitas possibilidades de sair da câmara", mas não o fez por ser "um homem do poder local".
Criticou aqueles que estão sempre "a mostrar-se", o que garante nunca ter feito, nem pretender fazer.
"Sou de um meio rural, tenho um passado de algum sacrifício que me fez muito bem. Andei atrás do milho, das batatas, das videiras e isso deu-me traquejo. E as raízes rurais também me ajudam muito. Nunca foi preciso pôr-me em bicos de pés", garantiu.
Na sua opinião, se as pessoas considerarem que tem "valor para alguma coisa" hão de solicitá-lo.
"Sem fazer nenhum drama estarei disponível, se entenderem que sou útil para alguma coisa. Mas sem perder esta independência: se quiser sim, se não quiser digo com frontalidade que não", acrescentou.